sexta-feira, 11 de setembro de 2020

NO BATENTE DA CASA EM QUE MOREI

 Eu vivi muito feliz e animado

numa casinha no meio do sertão

mas depois eu deixei meu chão

hoje eu vivo como um desterrado

a todo momento lembro do passado

e ainda imagino se regressarei

com este dia muito eu sonhei

e de repente eu vi a realidade

enchendo meu coração de saudade

no batente da casa em que morei.


Eu cheguei era de madrugada

e encontrei pássaros cantando

parecia até que estavam saudando

o filho ausente de forma animada

eu procurei, mas não encontrei nada

de todas as coisas que eu deixei

das rosas só os espinhos encontrei

sentei um pouco por estar cansado

e não ficava olhando pra todo lado

no batente da casa em que morei.


O curral onde meu pai foi o vaqueiro

mas corajoso de toda a ribeira

estava caído e apodreceu a madeira

do angico e também do pereiro

e até mesmo as varas de mameleiro

que um dia muito jovem eu cortei

joguei nas costas e carreguei

entrancei com muito cuidado

tudo que fiz estava arrasado

no batente da casa em que morei.


O caminho por onde eu passava

há muito tempo foi invadido

pelo mato que tinha crescido

e só a trilha por ali restava

na baraúna um ninho balançava

da mesma ave que eu escutei

de madrugada e da rede pulei

com o meu pai alegre me chamando

fui embora para não ficar chorando

no batente da casa em que morei.

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