Eu vivi muito feliz e animado
numa casinha no meio do sertão
mas depois eu deixei meu chão
hoje eu vivo como um desterrado
a todo momento lembro do passado
e ainda imagino se regressarei
com este dia muito eu sonhei
e de repente eu vi a realidade
enchendo meu coração de saudade
no batente da casa em que morei.
Eu cheguei era de madrugada
e encontrei pássaros cantando
parecia até que estavam saudando
o filho ausente de forma animada
eu procurei, mas não encontrei nada
de todas as coisas que eu deixei
das rosas só os espinhos encontrei
sentei um pouco por estar cansado
e não ficava olhando pra todo lado
no batente da casa em que morei.
O curral onde meu pai foi o vaqueiro
mas corajoso de toda a ribeira
estava caído e apodreceu a madeira
do angico e também do pereiro
e até mesmo as varas de mameleiro
que um dia muito jovem eu cortei
joguei nas costas e carreguei
entrancei com muito cuidado
tudo que fiz estava arrasado
no batente da casa em que morei.
O caminho por onde eu passava
há muito tempo foi invadido
pelo mato que tinha crescido
e só a trilha por ali restava
na baraúna um ninho balançava
da mesma ave que eu escutei
de madrugada e da rede pulei
com o meu pai alegre me chamando
fui embora para não ficar chorando
no batente da casa em que morei.
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