Já dei tanto tabefe em cantador
Quando eu me disponho a cantar
o verso aparece em minha mente
como o veneno de uma serpente
procurando uma vítima pra picar
quando acerta ela nem sai do lugar
o poeta da vez já está perdido
remédio contra isto eu duvido
e o jeito é aceitar ser perdedor
já dei tanto tabefe em cantador
que meu braço direito está doído.
Me dá pena de ver alguns parceiros
as cordas de sua viola repicando
ele tenta, ele espera, vai chamando
mas os versos se mostram traiçoeiros
tem poeta que vai até em Terreiro
volta de lá com o instrumento benzido
porém quando encontra o Aparecido.
não sai nada e ele muda até de cor
já dei tanto tabefe em cantador
que meu braço direito está doído.
Tem coitado que aprende uma sextilha
já se empolga e diz: eu sou poeta
quando vai cantar já não acerta
e ainda acha que fez uma maravilha
grava um vídeo e depois compartilha
de sua arte bastante convencido
e apesar de ser tão aguerrido
a sua lira carece de valor
já dei tanto tabefe em cantador
que meu braço direito está doído.
Tem o outro que busca formação
quatro anos passa na faculdade
sai de lá arrotando vaidades
e acreditando que é o campeão
mas quando ele cai na minha mão
do coitado se escuta o gemido
do meu verso se ouve o estampido
que dá pena do pobre professor
já dei tanto tabefe em cantador
que meu braço direito está doído.
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